Projeto de P&D da Cemig visa aumentar conhecimento sobre Perdas Técnicas em redes de distribuição
Simulação via fluxo de potência demonstra oportunidades de melhoria no modelo atual de cálculo regulatório
A Cemig vem desenvolvendo, desde 2018, o projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) D0587: “Validação dos critérios, parâmetros e premissas do cálculo das Perdas Técnicas por fluxo de potência, comparando as perdas calculadas pelo regulador com as perdas medidas em uma amostra de circuitos de baixa tensão“, cujo objetivo é propor novos critérios e parâmetros a serem adotados no cálculo regulatório, aproximando assim as Perdas Técnicas regulatórias, calculadas por simulação via fluxo de potência, dos níveis reais de Perdas Técnicas.
A ocorrência de perdas elétricas é algo inerente ao processo de distribuição de energia elétrica. Partindo do reconhecimento de que essas perdas elétricas implicam em custos para as concessionárias e da necessidade de se estabelecer níveis eficientes para esses custos, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) utiliza metodologias específicas para o cálculo regulatório de cada uma das categorias de perdas elétricas, que compõem a Perda Total.
Conforme explica Weber Ramos Ribeiro Filho, analista de regulação econômico-financeira da Cemig e gerente do projeto por parte da companhia, a “Perda Total” é composta por “Perdas Técnicas” (inerentes ao transporte de energia) e “Perdas Não Técnicas”, decorrentes de fraudes e erros de medição ou faturamento. Nesse cenário, o cálculo impreciso das Perdas Técnicas leva também a estimativas incorretas das Perdas Não Técnicas.
O especialista comenta que os critérios adotados atualmente no cálculo das Perdas Técnicas no sistema de distribuição não estão levando em consideração a verdadeira variabilidade da demanda, reduzindo assim os patamares de carga e comprometendo valores das Perdas Técnicas simuladas por fluxo de potência. “Isso acaba fragilizando toda a metodologia de cálculo adotada pelo regulador e prejudicando estimativas dos valores regulatórios de perdas de energia”, comenta.
A iniciativa vem sendo realizada em parceria com a Escher Consultoria e Engenharia e tem o principal objetivo de demonstrar junto ao regulador as oportunidades de melhorias no modelo atual. “O projeto elevará substancialmente o conhecimento sobre a relevância das variáveis que interferem no montante de Perdas Técnicas, principalmente sobre a forma de considerar o carregamento das redes ao longo do tempo”, afirma o analista. Além disso, “o projeto também permitirá adequar o reconhecimento dos custos de compra de energia em valores mais aderentes ao real índice de Perdas Técnicas da Cemig”, complementa Weber.
O investimento no projeto – com previsão de conclusão em dezembro deste ano – é de mais de R$ 1,3 milhão, sendo 98% do valor financiado pela Cemig por meio de recursos do programa de P&D regulado pela Aneel.
Exposição itinerante
A iniciativa ainda contempla uma exposição itinerante concebida de forma inédita no Brasil. A exposição apresenta o andamento dos trabalhos e os resultados do projeto, além de mostrar estudos importantes da base de dados necessária ao cálculo das Perdas Técnicas por simulação de fluxo de potência. “Trata-se de uma grande oportunidade para compreender como o cliente usa a energia elétrica ao longo do dia e da semana, além de conhecer também as características do mercado e da área de concessão da Cemig Distribuição (Cemig D), com toda sua rede mapeada, desde as linhas de 138 kV até a baixa tensão”, avalia o analista da Cemig.
A exposição conta com vídeos e recursos interativos e foi desenvolvida para apresentar aos visitantes as características do mercado, da rede georreferenciada e da tipologia das redes e clientes da Cemig Distribuição. Além disso, é possível conhecer melhor a metodologia de cálculo das perdas de energia e a composição da carga própria da Cemig D.
Direcionada a todos os profissionais do setor elétrico, especialmente àqueles que trabalham com regulação e cálculo de perdas técnicas, a exposição foi planejada para ser realizada de forma itinerante. “No entanto, em função da pandemia, não foi possível montar a exposição em novos locais desde seu lançamento, em fevereiro de 2020, na sede da Cemig em Belo Horizonte”, finaliza Weber.