Pipas prejudicaram mais de 500 mil clientes da Cemig em 2019
Brincadeira deve ser feita bem longe da rede elétrica e sem linhas cortantes
Apesar do isolamento social causado pelo coronavírus, a brincadeira de soltar pipa continua entretendo crianças e jovens, mas é preciso muita cautela para não causar acidentes com a rede elétrica. Neste período do ano, essa prática costuma ganhar mais força em função da característica do período, onde os ventos são mais fortes. Contudo, apesar de parecerem inofensivas, elas podem causar acidentes e desligamentos acidentais na rede elétrica e também acidentes fatais com quem as soltam. Somente em 2019, incidentes com pipas causaram 1.771 ocorrências, que prejudicaram cerca de 504 mil clientes da Cemig.
Apenas nos quatro primeiros meses deste ano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), foram registrados 170 desligamentos provocados por pipas na rede elétrica, que prejudicaram cerca de 52 mil clientes da Cemig. O principal causador de ocorrências no sistema elétrico é o cerol, uma mistura cortante feita com cola, vidro e restos de materiais condutores que pode cortar os cabos da rede elétrica e causar acidentes com a população. Além disso, muitos curtos circuitos são provocados pela tentativa de retirada de papagaios presos aos cabos.
De acordo com João José Magalhães, gerente de Saúde e Segurança do Trabalho da Cemig, os pais e as crianças devem ficar atentos a alguns procedimentos que devem ser adotados para que não haja risco à segurança nem ocorram interrupções no fornecimento de energia. “Para brincar com segurança, as pipas devem ser soltas em locais abertos e afastados da rede elétrica, ou seja, nunca em áreas urbanas. Também é preciso evitar o uso de fios metálicos ou cerol e, caso a pipa fique presa nos fios dos postes, elas não podem ser resgatadas, porque acidentes nestas condições podem ser fatais* , orienta.
Outro grande causador de ocorrências e que vem se popularizando nos últimos anos é a linha chilena. João José Magalhães destaca que esse produto industrializado, que é produzido com materiais mais abrasivos que o cerol, nunca deve ser utilizado porque pode cortar a mão de que solta, cortar os cabos da rede elétrica ou causar mutilação em motociclistas.
“Esse tipo de linha é muito mais cortante do que o cerol comum, e infelizmente é possível adquirir este material de origem estrangeira pelo mercado paralelo e até pela internet, o que contraria a legislação ”, destaca o gerente da Cemig.
Vale ressaltar que a lei estadual 14.349/2002 proíbe o uso de cerol ou de qualquer outro tipo de material cortante nas linhas de pipas, de papagaios, de pandorgas e de semelhantes artefatos lúdicos, para recreação ou com finalidade publicitária, em todo o território do Estado de Minas Gerais. Quem for flagrado usando cerol ou linha cortante está sujeito ao pagamento de multa, que varia de R$ 100 a R$ 1,5 mil, podendo ser agravada.
Isolamento social
Em função da pandemia do novo coronavírus, João José Magalhães destaca que os pais devem supervisionar as crianças e jovens na brincadeira. “É fundamental que sejam escolhidos locais descampados, longe da rede elétrica e, principalmente, evite aglomerações. A brincadeira é sadia, mas precisamos ter ainda mais cuidado em um momento em que todo o mundo está alerta em função do coronavírus”, destaca.