Cemig alerta para baixos armazenamentos em seus reservatórios
Diante do contexto de escassez hídrica, a Cemig vem a público atualizar as informações sobre o risco de baixos níveis d’água neste ano nos principais reservatórios operados pela Companhia.
Entenda melhor sobre a situação de escassez hídrica no vídeo a seguir:
Como estão os reservatórios da Cemig?
O volume dos 8 principais reservatórios operados pela Cemig em 22 de setembro está exibido a seguir. Dentre estes reservatórios, Camargos, Emborcação, Irapé, Nova Ponte, Queimado e Três Marias são reservatórios de Usinas Hidrelétricas despachadas em conjunto com o Operador Nacional do Sistema, ONS. São exibidos também os armazenamentos de duas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) operadas pela Cemig, Cajuru e Peti, que também possuem reservatórios de acumulação.
Os armazenamentos de todos os principais reservatórios da Cemig, para o dia 22 de setembro de cada ano, estão apresentados no gráfico a seguir:
No momento, a situação mais crítica permanece restrita aos reservatórios de Nova Ponte, no Rio Araguari, e Emborcação, no Rio Paranaíba, que já apresentam volumes próximos aos menores já verificados no histórico. Ao final de junho de 2021, a Cemig já vinha alertando para prognóstico ruim que tais usinas sofreriam no restante do ano.
Para os demais reservatórios, apesar da natural diminuição do volume útil nos próximos meses de seca, os níveis atuais ainda não são os mais críticos. Entretanto, a Cemig vem destacar que conforme solicitação do Operador Nacional do Sistema (ONS), a atual conjuntura energética demanda a utilização de todos os recursos disponíveis para garantir o suprimento de energia do país. Assim sendo, são esperados armazenado próximos aos mínimos operativos até o final do mês de novembro para mais reservatórios operados pela Cemig.
E os demais reservatórios da Cemig?
Os reservatórios apresentados acima são chamados de reservatórios de acumulação, que possuem potencial para armazenamento de grandes volumes de água, propiciando a regularização de vazões ao longo do ano.
Os reservatórios de acumulação apresentam o comportamento de enchimento ao longo da estação chuvosa e esvaziamento na estação seca, possuindo grande volume armazenado e grande variação de nível ao longo do ano. Para estes reservatórios, exibidos acima, a informação sobre armazenamento é muito representativa.
Os demais reservatórios da Cemig são considerados reservatórios a fio d’água, que não possuem volume significativo para propiciar a regularização de vazões. O funcionamento deste tipo de reservatório está explicado no vídeo acima. Nestes reservatórios o nível mínimo é próximo ao máximo, podendo ocorrer variações frequentes de nível, diretamente relacionadas com o tipo de operação hidráulica executada na usina. Para estas usinas o percentual de armazenamento não é representativo para avaliar a disponibilidade hídrica.
A localização dos principais reservatórios da Cemig, classificando-os por tipo (acumulação ou fio d’água), pode ser visualizada no mapa a seguir:
O que mudou nesse mês de setembro?
Alguns cenários de simulações futuras indicam armazenamentos nos reservatórios da Cemig em níveis próximos aos mínimos operativos ao final da estação seca. Cabe ressaltar que estes reservatórios têm sua operação e despacho energético coordenados pelo ONS, que é responsável pela definição da política operativa dos reservatórios de forma a atender as necessidades do Sistema Interligado Nacional (SIN). Em documento de 13 de setembro de 2021, o ONS estabeleceu aos agentes geradores que “…é de suma importância o uso de todos os recursos armazenados nos reservatórios da bacia do rio Paraná, bem como a flexibilização de restrições de níveis mínimos”.
Essa medida tem o objetivo de aumentar a disponibilidade de recursos para o enfrentamento da atual situação de escassez hídrica e é uma determinação da Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (CREG), instituída pela Medida Provisória nº 1.055, de junho de 2021. Ainda assim, o ONS publicou no dia 25 de agosto de 2021, o Estudo Prospectivo quanto à avaliação das condições de atendimento eletroenergético do país (Nota Técnica NT-ONS DGL 0093/2021), concluindo pela flexibilização do uso dos recursos energéticos dos reservatórios do SIN, indicando armazenamentos entre 8 a 11% da capacidade máxima da região Sudeste/Centro-Oeste até o final do mês de novembro deste ano.
Desta forma, apesar da situação crítica atual, ainda haverá demanda por geração hidrelétrica nos próximos meses. Considerando a situação projetada para o restante do período seco, é esperada uma piora no armazenamento do conjunto de usinas da região Sudeste. Para as UHEs Emborcação e Nova Ponte, há a sinalização do ONS do atingimento de armazenamentos da ordem de 3% do volume útil ao final de novembro.
Assim, a Cemig vem informar na presente nota a prospecção para os demais reservatórios de seu parque hidrelétrico, seguindo as diretrizes dos prognósticos apresentados pelo ONS. Dessa forma, além do alerta para as usinas do Triângulo Mineiro, destacam-se também as usinas:
- UHE Irapé, instalada no rio Jequitinhonha, entre os municípios de Grão Mogol e Berilo;
- É esperado um armazenamento de cerca de 5% na UHE Irapé ao final de novembro, sendo o mais baixo do histórico.
- UHE Queimado, instalada no rio Preto, entre Cabeceira Grande (MG), Unaí (MG), e Cristalina (GO);
- É esperado um armazenamento de cerca de 4% na UHE Queimado ao final de novembro, considerando um aumento da demanda pela utilização do reservatório nos próximos meses e sendo uma situação bem similar à vivida ao final do ano de 2014.
- UHE Três Marias, instalada no rio São Francisco, entre os municípios de Três Marias e São Gonçalo do Abaeté.
- É esperado um armazenamento de cerca de 22% na UHE Três Marias ao final de novembro, considerando a determinação da CREG para flexibilizar a política operativa determinada pela Resolução ANA nº 2.081/2017. Não se trata do pior armazenamento histórico, dado que foi vivido um nível próximo a 2,5% no ano de 2014.
O que tem sido feito para controlar a situação?
Buscando poupar o esvaziamento dos volumes dos reservatórios, o ONS e a CREG tem viabilizado a flexibilização de restrições hidráulicas nas usinas da Região Hidrográfica do Paraná, incentivado a redução da demanda de energia, dentre outras ações.
Além disso, a área ambiental da Cemig está monitorando os pontos críticos nos reservatórios que possam apresentar algum tipo de impacto à ictiofauna ou a alterações na qualidade da água com intuito de iniciar ações de mitigação com a maior celeridade possível.
Além de notas como essa, a Cemig vem buscando novos esforços de transparência para que a informação chegue cada vez a mais pessoas, possibilitando a antecipação quanto a possíveis ações de mitigação para o enfrentamento da presente crise hidroenergética.
O que é a CREG?
A Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (CREG) foi instituída pela Medida Provisória nº 1.055/2021, em junho desse ano, de forma a fortalecer a governança para o enfrentamento da crise hídrica vivenciada no País em 2021, estabelecendo, assim, a articulação necessária entre os órgãos e entidades responsáveis pelas atividades dependentes dos recursos hídricos. Dessa forma, espera-se que as medidas excepcionais que se façam necessárias possam ser implementadas, garantindo sua efetividade no aumento da garantia da segurança e continuidade do suprimento de energia elétrica no País.
Dentre as atribuições da CREG está a definição de diretrizes obrigatórias para, em caráter excepcional e temporário, estabelecer limites de uso, armazenamento e vazão das usinas hidrelétricas.
A CREG é composta pelos Ministérios de Minas e Energia, da Economia, da Infraestrutura, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Regional e possui decisão soberana para deliberação acerca das medidas para enfrentamento da crise hídrica.
Posso contribuir reduzindo meu consumo de energia?
Dentre as ações já deliberadas pela CREG encontram-se ações relacionadas ao incentivo à redução voluntária do consumo de energia.
Para consumidores residenciais e pequenos negócios
O Governo Federal dará desconto na conta de energia dos consumidores residenciais e pequenos negócios que reduzirem de forma voluntária o consumo de energia. Ganhará o bônus quem diminuir o consumo de energia entre setembro e dezembro deste ano em, no mínimo, 10% em relação ao mesmo período de 2020. O bônus vai valer até uma redução de 20%. O desconto será de R$ 50,00 por cada 100 KWh (quilowatt-hora) do volume de energia economizado dentro da meta de 10% a 20%. Quem economizar menos que 10% não receberá bônus, e quem economizar mais que 20% não receberá prêmio adicional.
A comparação será feita com base no somatório do consumo ao longo dos quatro meses – ou seja, o acumulado entre setembro e dezembro de 2021, na comparação com a soma das mesmas quatro faturas de 2020. Uma vez feita essa comparação, o bônus apurado será informado na primeira conta de luz recebida após o cálculo do consumo referente ao mês de dezembro de 2021 e creditado como abatimento do valor a pagar na conta de luz subsequente.
Para grandes consumidores de energia
Para os grandes consumidores de energia, já está operacional o mecanismo conhecido como RVD – Resposta Voluntária da Demanda, que prevê a redução da demanda de energia elétrica por consumidores do Ambiente de Contratação Livre (ACL) ou agentes agregadores de demanda desses consumidores. Nestes casos, são consideradas reduções de 4 ou 7 horas em horários pré-determinados pelo ONS, oferta mínima de 5 MW em cada hora durante todo processo, mediante aprovação do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). Isso se dará desde que haja confirmação diária da disponibilidade por parte do agente ofertante e aceite do ONS, observadas a otimização do custo total de despacho do sistema e a segurança operativa.
Mais informações sobre o mecanismo de RVD podem ser obtidas no site do ONS.
Vai faltar energia na região dos reservatórios?
É importante esclarecer que o abastecimento elétrico no Brasil vem de um sistema que é interligado, o SIN, que garante o suprimento energético como um todo. Desta forma, o abastecimento energético não é uma questão regional, mas de gestão nacional pelo ONS.
Contando com a malha de transmissão que interliga o país, quando temos um déficit de capacidade de geração em determinada região, a energia necessária para o suprimento vem de outras regiões, o que garante o suprimento energético do SIN. Então, o ONS é o responsável pelo atendimento da demanda energética e vem fazendo a gestão para que o suprimento energético seja atendido e não falte energia em todo o território brasileiro.
Até o momento não foi indicado pelos órgãos responsáveis, como o Ministério de Minas e Energia e a CREG, a possibilidade de racionamento ou déficit de energia. Vale ainda destacar que o ONS está tomando todas as medidas técnicas e operacionais cabíveis para manter a continuidade do atendimento ao consumidor de energia elétrica no Brasil, mesmo considerando a sensível situação hídrica que atualmente enfrentamos, com o registro das afluências mais baixas dos últimos 91 anos no SIN.
Sobre a matriz energética brasileira, nestas últimas duas décadas, ela se diversificou bastante e não é tão dependente das hidrelétricas, responsáveis por mais de 90% da energia no Brasil em 2001. Atualmente, a geração de energia por fontes eólicas e solares cresceu muito e há mais usinas térmicas, que são acionadas pelo ONS em situações de baixo nível dos reservatórios.
Era possível evitar que os reservatórios esvaziassem?
O ONS destaca que o País vem passando pela maior crise hídrica dos últimos 91 anos. Em outubro de 2020, ainda no período seco, quando se vislumbrou a possibilidade desta ocorrência climática, o tema foi levado ao CMSE, que deliberou pelo despacho de térmicas por garantia energética. Desde então, o ONS vem acionando todas as térmicas alocáveis no SIN, sem que haja vertimento de geração hídrica. Assim, vem se mantendo o despacho das demais fontes disponíveis sempre buscando garantir as defluências mínimas das bacias hidrográficas. Ou seja, apesar da disponibilidade de usinas eólicas e termelétricas, existem restrições operativas de liberação mínima de vazões nos grandes reservatórios que contribuíram para a tendência de esvaziamento das cascatas que formam o SIN.
Como posso me preparar?
De forma a alertar aos usuários e a população do entorno dos reservatórios sobre a possibilidade de recordes negativos de armazenamento, a Cemig elaborou mapas, disponíveis no Google Maps, e que podem ser acessados nos links a seguir:
Pelos mapas, é possível visualizar o nível atual dos reservatórios e o perímetro do reservatório projetado para o nível mínimo. A seguir, como exemplo, o mapa produzido para a UHE Três Marias.
Dada a possibilidade de atingimento destes níveis mínimos nos próximos meses, é necessário que os usuários se atentem à necessidade de realocação de infraestruturas localizadas no reservatório, como tablados flutuantes para pescaria, bombas flutuantes para captação de água, tanques-rede para piscicultura, dentre outras estruturas, para pontos mais profundos do reservatório, localizados no interior do perímetro correspondente ao nível mínimo.
Onde posso acompanhar os armazenamentos no dia a dia?
A Cemig vem acompanhando constantemente a condição de seus reservatórios e as perspectivas para os próximos meses, de forma a contribuir para o atendimento ao uso múltiplo das águas.
Com o objetivo de buscar um relacionamento mais próximo e transparente junto à comunidade e órgãos de Defesa Civil, a Cemig desenvolveu o aplicativo Prox, disponível de forma pública e gratuita para Android e iOS. No app é possível configurar quais são as usinas de interesse e visualizar, em tempo real, qual a condição operativa de cada reservatório (níveis, percentual de armazenamento, vazões afluentes e defluentes, além do monitoramento dos rios afluentes aos reservatórios).
Posso utilizar ou ocupar as áreas que surgirão com a rebaixamento do reservatório?
A Cemig, como detentora da concessão de serviço público, deve cumprir todas as determinações emanadas do Poder Concedente, a União Federal, dentre elas garantir que não haja ocupações irregulares nas áreas de abrangência de suas usinas, o que inclui toda área desapropriada para formação dos reservatórios.
Para garantir que essas áreas não sejam ocupadas por terceiros, a Cemig realiza constantemente fiscalizações em suas áreas, seja por meio de inspeções em campo (equipe de fiscais) ou utilizando tecnologias de ponta com o uso de imagens de satélites.
Caso sejam identificados ocupantes irregulares, os mesmos serão notificados, podendo ter que responder em juízo pelos impactos e danos causados pela ocupação irregular.
Assim, não utilize ou ocupe as áreas indevidamente. Na dúvida, consulte sempre a Cemig.