Com quase 160 mil clientes prejudicados, número de ocorrências por queimadas mais que triplica em Minas Gerais
Aumento exponencial foi registrado em julho, quando comparado com o primeiro semestre deste ano
26/08/24
Com mais de 120 dias sem chuvas em boa parte de Minas Gerais, as queimadas estão se intensificando e prejudicando o cada vez mais o fornecimento de energia elétrica no estado, além de causar danos à flora e fauna. De acordo com levantamento da Cemig, apenas em julho, 159.505 unidades consumidoras tiveram o serviço interrompido pelas queimadas.
Esse número é mais de três vezes superior ao de clientes interrompidos no primeiro semestre deste ano, quando os incêndios provocaram falta de energia para pouco mais de 45 mil consumidores.
Para se ter uma ideia da gravidade da situação, em comparação ao período que compreende janeiro a julho de 2023, o número de ocorrências é quase quatro vezes maior em 2024: se no ano passado a companhia registrou quase 55 mil unidades consumidoras interrompidas em 112 incidentes provocados por incêndios até o sétimo mês, neste ano o número já ultrapassa 205 mil clientes em 184 ocorrências no sistema elétrico da Cemig.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, de janeiro a agosto deste ano, foram registrados mais de 16 mil focos de incêndios em Minas Gerais. O engenheiro de Sustentabilidade da Cemig, Demetrio Aguiar, explica como as queimadas prejudicam o sistema elétrico da companhia e causam interrupção no fornecimento de energia elétrica para os clientes.
“As chamas danificam equipamentos – como postes, cabos e torres – e tornam o restabelecimento do serviço mais demorado, o que pode trazer transtornos para os clientes das distribuidoras. Além disso, o alto volume de fumaça pode trazer sérios danos à saúde, principalmente nesta época do ano em que doenças respiratórias são mais comuns. As pessoas precisam se conscientizar dos impactos causados por suas ações, pensar de forma coletiva e evitar dar início a focos de incêndio que podem tomar grandes proporções e causar muitos estragos”, afirma.
Além disso, normalmente as queimadas são feitas em locais de difícil acesso, o que torna complicado o trabalho das equipes de manutenção da companhia, dificultando o restabelecimento do serviço à população.
“Um dos maiores desafios para as equipes de campo é chegar ao local da ocorrência para fazer o reparo. Normalmente, são locais de difícil acesso e em áreas rurais muito amplas. Além disso, levar estruturas pesadas, como torres e postes, em áreas acidentadas, torna ainda mais complexa a manutenção das redes danificadas pelas queimadas”, explica Aguiar.
Em relação ao primeiro semestre, a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) teve um acréscimo de 10 mil unidades consumidoras interrompidas por incêndios. Somente na RMBH, a Cemig registrou mais de 15 mil clientes prejudicados em 24 ocorrências em julho. Mas a região que teve o maior salto foi a Zona da Mata, que teve pouco mais de 66 mil consumidores interrompidos apenas em julho.
Experimento demonstra os perigos dos incêndios à rede elétrica
Para ressaltar os problemas causados pelas queimadas e buscar conscientizar a população do risco dessa prática, a Cemig realizou um experimento no Laboratório de Ensaios Elétricos de Alta Tensão (LEATEP), em sua base no Anel Rodoviário, em Belo Horizonte. Em um ambiente controlado, especialistas da companhia simularam uma queimada sob uma linha de alta tensão, como explica o técnico do Sistema Elétrico da Cemig, Vitor Daniel Bento Lima.
“Na simulação feita no LEATEP, a tensão aplicada foi sendo gradativamente aumentada até o nível de tensão das linhas de transmissão, onde foi observado a formação de arcos elétricos, proveniente da ionização do ar motivada pelo fogo que aqueceu o meio externo. Dessa forma, o sistema de proteção age e desliga a linha para evitar ainda problemas maiores”, explica.
Queimada é crime
Além de deixar hospitais, comércios e escolas sem energia, realizar queimadas pode ser considerado crime e dar cadeia. De acordo com o art. 41 da Lei 9.605/98, provocar incêndio em mata ou floresta é tipificado como crime ambiental, que pode resultar em pena de reclusão de dois a quatro anos, além de multa. Além disso, é proibido o uso de fogo em áreas de reservas ecológicas, preservação permanente e parques florestais.
Sabendo da importância de unir esforços para combater as queimadas em todo o estado, a Cemig e o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais estão juntos em uma campanha para conscientizar a população sobre o tema.
Em caso de incêndios, a Cemig (116) e o Corpo de Bombeiros (193) devem ser avisados o mais rápido possível.
Crédito: Cemig Divulgação