Cemig informa sobre ampliação de vazões da Usina de Três Marias
Com o início das chuvas com maior intensidade neste mês de janeiro, é necessário iniciar a ampliação de vazões na usina de forma a controlar o enchimento do reservatório
Atualização em 09/01/2023, às 16h
Considerando o cenário de continuidade de elevação das vazões afluentes, superiores a 3.000 m³/s nesta data, associado a um volume útil já superior a 70% nesta segunda-feira, informamos que será necessária nova ampliação controlada das vazões defluentes da UHE Três Marias nos próximos dias, sendo:
- 10/01/2023, a partir de 8h, ampliação da vazão defluente total de 800 m³/s para 1300 m³/s.
- 11/01/2023, a partir de 8h, ampliação da vazão defluente total de 1300 m³/s para 1650 m³/s.
A vazão defluente total compreende as vazões liberadas pelas comportas do vertedouro somadas a vazão turbinada pelas unidades geradoras. A ampliação tem como objetivo controlar a velocidade de subida de nível do reservatório, evitando que o volume de espera para o período seja ocupado, contribuindo para a capacidade de amortecimento de maiores vazões no reservatório.
Publicado em 06/01/2023 16:40
Conforme esperado, Minas Gerais vem recebendo volumes significativos de chuva neste início de janeiro, devido à formação de uma Zona de Convergência do Atlântico Sul – ZCAS. A ocorrência deste evento ao longo dos dias que seguiram ocasionou elevados volumes de chuva na maior parte da faixa central do estado.
Em Três Marias, as vazões que chegam superaram 2.000 m³/s nesta sexta-feira, com tendência de permanecerem elevadas ao longo da próxima semana. Com isso, o reservatório começou a ganhar nível de forma mais rápida, atingindo 66% de sua capacidade normal de armazenamento. Ao longo dos últimos dias a vazão liberada era de 300 m³/s.
De forma a controlar a subida de nível da água, reduzindo a velocidade de enchimento, a Cemig informa que será necessário ampliar a liberação de água da usina a partir da segunda-feira, 09 de janeiro de 2023. Será preciso realizar abertura das comportas, ainda em patamar reduzido, com o aumento de vazões a partir das 8h, com o somatório de vazões vertidas (pelas comportas) e turbinadas (pelas unidades geradoras) totalizando 800 m³/s, conforme alinhado junto ao Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS e informado à Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico – ANA por este Operador.
O objetivo dessa ampliação de vazões, mesmo com apenas 66% de armazenamento na data desta publicação, é garantir que o aumento de vazões da UHE Três Marias se dê de forma gradual, com o menor impacto possível para o trecho a jusante da usina. Mesmo com a abertura de comportas, a tendência é que o reservatório continue ganhando armazenamento até o final do mês. A Cemig segue monitorando a condição de operação da unidade e novas ampliações podem ser necessárias nas próximas semanas, conforme as afluências verificadas no reservatório até o final deste mês.
É importante ressaltar que, para este patamar de vazões, não são esperados impactos para os municípios a jusante da UHE Três Marias no trecho até Pirapora, que recebe contribuição de vazões mais significativa apenas do afluente rio Abaeté. Após este município, o Rio São Francisco ainda recebe contribuintes significativos ao longo de seu curso, como Rio Urucuia, Rio das Velhas e o Rio Paracatu. Tais afluentes já vem vivenciando maiores vazões, dado o evento chuvoso recente, e considerando a grande distância da usina de Três Marias até os municípios ribeirinhos após a foz do Rio das Velhas, a contribuição de vazões da usina é reduzida, sendo o maior volume do Rio São Francisco oriundo dos demais afluentes. Desta forma, o controle de cheias da UHE Três Marias é realizado considerando a vazão limite de 4.000 m³/s no município de Pirapora, composta pelo somatório das vazões defluentes da usina e da incremental até Pirapora (rio Abaeté).
Informação em tempo real sobre a operação das usinas
Para acompanhar informações das usinas em tempo real, a Cemig disponibiliza o aplicativo Prox, com o qual a população pode acompanhar a variação dos níveis e vazões dos rios e reservatórios da região.
A companhia desenvolveu esse aplicativo com o objetivo de disponibilizar mais um canal de informações para as populações influenciadas pela operação dos seus reservatórios. A ferramenta permite uma comunicação mais efetiva com a comunidade, bastando apenas o download gratuito do aplicativo (loja Play Store-Android http://bit.ly/prox_android e App Store-iOS http://bit.ly/prox_ios).
Além disso, no site da Cemig a população pode acompanhar os dados da operação de usinas da companhia meio do link cemig.com.br/usinas.
Usina de Três Marias foi fundamental para diminuir impacto das cheias em 2022
A usina de Três Marias foi muito importante para que algumas cidades ao longo do Rio São Francisco, como Pirapora, não fossem completamente inundadas pelas chuvas do início de 2022. Em 13 de janeiro de 2022, a usina recebeu a maior vazão afluente média diária ao reservatório de todo seu histórico de operação.
Durante aquele dia, entrou uma média de 8.939 m³/s, enquanto a liberação era de 850 m³/s. O maior evento até então tinha sido registrado em fevereiro de 1983, quando o reservatório recebeu uma vazão média diária de 8.572 m³/s. Nos dias seguintes, a Cemig fez operações controladas de liberação de água do reservatório para que a usina não tivesse a capacidade de amortecimento esgotada, após a análise criteriosa da situação e com o enfraquecimento do evento meteorológico que atingiu a região.
Durante este período de cheias a liberação máxima de vazões em Três Marias foi de aproximadamente 3.000 m³/s. Além de Pirapora, que possui a contribuição não controlada do rio Abaeté, todo o restante do vale do rio São Francisco teria sofrido efeitos muito mais significativos que os vivenciados no início deste ano se não existisse a usina de Três Marias, que absorveu o maior volume da cheia reduzindo as vazões rio abaixo.
Importante também destacar que, desde o início das chuvas, o reservatório utilizou seu volume vazio para poder atenuar as vazões altas que as chuvas produziram, partindo de 51,82% no primeiro dia deste ano até atingir seu pico de armazenamento ao longo de 21 de janeiro com 93,91%.
Porque usinas como Três Marias conseguem avisar com antecedência a abertura de suas comportas e outras não?
Isto se dá por existirem diferentes tipos de reservatório: acumulação ou fio d’água.
As usinas com reservatórios de acumulação são aquelas que armazenam água e conseguem regularizar as vazões defluentes dos rios, tendo capacidade para um grande volume de estoque, grande variação de nível e consequente área ocupada. Um exemplo desse tipo de instalação é a Usina Hidrelétrica (UHE) de Três Marias, que tem grande importância para a região, tanto em tempos de cheia quanto no período seco, em razão do abastecimento de água para usos múltiplos, como abastecimento público, navegação e irrigação.
Já as usinas fio d’água contam na maioria das vezes com reservatórios com pouca variação de nível. Desta forma, essas instalações não têm capacidade de regularização de vazões e precisam repassar toda a cheia afluente. É esse tipo de reservatório que a maioria das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) possui e onde há necessidade se se abrir comportas de forma mais célere, acompanhando o aumento da vazão que chega aos reservatórios.
Uma pergunta frequente, feita pela população e que gera muitas dúvidas a respeito da operação de reservatórios é: toda vez que a Cemig abre comportas ocorrerá inundação nas cidades rio a abaixo? Não exatamente. Os dispositivos extravasores (que liberam água) são projetados em barragens para repassar o volume excepcional que não é possível aproveitar para gerar energia, seja por existir alguma turbina indisponível ou quando todas já estejam gerando em sua plena carga. De forma resumida, quando o volume nas instalações atinge seu nível máximo, é preciso liberar a água que está chegando no reservatório para que ela não cause dano à estrutura ou simplesmente passe por cima das barragens, aumentando o risco para a população.
Existem também as usinas que não possuem vertedouros controlados (como as comportas), contando com vertedouros do tipo soleira livre (ou crista livre). Nesse tipo, o excedente de vazão natural oriundo das chuvas é invariável e naturalmente repassado rio abaixo pela estrutura do vertedouro, não havendo possibilidade de controle de vazões. Na prática, é como se a existência da barragem não influenciasse em nada naquele evento natural. Ou seja, se a usina não existisse, o rio encheria da mesma maneira que comparado ao fato de o barramento existir atualmente.
Em todos os casos, em relação ao controle de cheias, a vazão liberada em momentos de grandes volumes de água não é superior à vazão que o reservatório está recebendo, sendo, no máximo igual. Assim, as usinas na maioria das vezes atenuam o efeito das cheias e, na pior das hipóteses, reproduzem o efeito das vazões naturais, não agravando a situação de nenhuma forma.