Mexilhão dourado: entenda porque essa espécie invasora é perigosa para a natureza
Originário do sudeste asiático, mexilhão dourado chegou ao Brasil pelas águas utilizadas como lastro em navios cargueiros e já se espalhou por todo o país.
Você já ouviu falar sobre o mexilhão dourado? Ele é um molusco de água doce, de pequeno porte (de três a quatro cm) originário do sudeste asiático que chegou ao Brasil pelas águas utilizadas como lastro em navios cargueiros. Devido a sua facilidade em se fixar a estruturas rígidas e pela grande capacidade de proliferação, o mexilhão dourado se destaca como espécie invasora pelo potencial de ocasionar obstrução de tubulações e equipamentos em instalações hidrelétricas e de abastecimento, além de influenciar no habitat natural dos peixes e animais aquáticos.
O Mexilhão Dourado é considerado uma espécie invasora, ou seja, não é natural do ambiente, e pode ser prejudicial a ele, alterando as suas características e o equilíbrio natural das outras comunidades. Nas águas brasileiras ele tem se reproduzido descontroladamente, por não ter predador e encontrado um ambiente favorável para a sua adaptação.
Indústrias, lavouras, hidrelétricas entre outros segmentos, que utilizam água bruta (que vem diretamente dos rios) estão tendo que realizar inspeções e limpezas constantes das suas tubulações. Em forma de larva, os mexilhões entram nas tubulações e lá se fixam até a fase adulta, obstruindo-as e obrigando à limpeza constante. Os locais onde os mexilhões se instalam são bombas de resfriamento da transmissão (das estações de captação de água), tubulações dos trocadores de calor de usinas hidrelétricas, de sistemas de irrigação entre outros.
Nos rios brasileiros, o Mexilhão Dourado – vindo de navios transoceânicos – consome grande parte dos alimentos de mexilhões nativos – contribuindo para a sua extinção. Ele também contribui para a mortandade de peixes que não conseguem digeri-los e também de animais como lagostas e outros moluscos, já que os mexilhões grudam em suas superfícies e os impedem de se locomover, defender e ou até de se alimentar.
Como o Mexilhão Dourado chegou até os rios brasileiros?
As larvas ou indivíduos adultos do Mexilhão Dourado chegaram ao porto de Buenos Aires, Argentina, por volta de 1991, trazidos pela água de lastro de navios transoceânicos. Em apenas 10 anos, ele conseguiu se espalhar por quase toda a bacia do Prata, chegando ao rio Paraná com densidades que podem superar 120.000 indivíduos/m².
O que é água de lastro?
É aquela que fica nos tanques dos transoceânicos. Quando eles viajam vazios, seus tanques são enchidos com água para ajudar a manter a estabilidade e, assim que a carga é colocada a água é liberada. Cada tanque pode ter milhões de litros de água e nela pode haver desde bactérias, algas e vermes a peixes.
Casca do Mexilhão Dourado pode ser útil
A Cemig e o Centro de Bioengenharia de Espécies Invasoras de Hidrelétricas (Cbeih) iniciaram pesquisa para desenvolver produtos a base de carbonato de cálcio, elemento muito presente na casca do Mexilhão Dourado. Alguns deles são: tintas a base de cal, fertilizantes, alimentos para aves.
O que você pode fazer para diminuir os impactos do Mexilhão Dourado:
Se você usa barcos, lanchas entre outras embarcações para pesca e lazer, você pode ajudar a diminuir a disseminação do Mexilhão Dourado e os impactos ambientais causados por ele. Ao mudar de uma área onde o mexilhão esteja presente para outra, desinfeccione sua embarcação com água sanitária comercial ou cloro, conforme as orientações abaixo:
- Esvazie, em terra, qualquer reservatório de água que esteja no barco;
- Retire qualquer resíduo de vegetação encontrado dentro e fora do barco ou no reboque;
- Limpe as possíveis incrustações de adultos com disposição dos resíduos em terra;
- Lave todo o barco, principalmente o casco, viveiros de iscas e o reboque;
- Jogue a água sanitária onde tiver acúmulo de água, principalmente em caixas de iscas vivas;
- Todo o barco deve ser escovado com uma vassoura macia embebida em água sanitária.